Associação Business Angels de Cabo Verde ambiciona criar figura jurídica do “investidor anjo” no país
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19 janeiro 2024

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A cinco meses de terminar o mandato, o atual presidente Rui Levy garante que 70% das metas da Associação Business Angels de Cabo Verde serão atingidas.

Rui Levy é um dos principais impulsionadores das primeiras iniciativas privadas referentes à promoção do empreendedorismo em Cabo Verde, como a criação da Associação de Jovens Empresários de Cabo Verde (AJEC), o Business Incubation Center (BIC) e a Associação Business Angels de Cabo Verde (ABAC). Esta última criada em 2010, com o objetivo de garantir investidores às empresas fundadas por jovens e a ajudar no seu desenvolvimento e onde Rui Levy é presidente desde 2021.

Filho de pais cabo-verdianos, nascido em Lisboa, licenciado em Economia, pós-graduado em Qualidade e hoje com 46 anos, Rui Levy foi coordenador nacional da Organização das Nações Unidas para o Desenvolvimento Industrial (ONUDI), estando atualmente como consultor da mesma instituição, cujo foco é direcionado, principalmente, para o desenvolvimento do empreendedorismo e do sector privado no país.

Em entrevista ao Balai, Levy falou sobre a Business Angels e dos feitos enquanto presidente da associação, tendo em conta que o seu mandato termina em junho deste ano.

“A Associação Business Angels de Cabo Verde é uma rede de “investidores anjos”, que são pessoas que investem em negócios inovadores e que normalmente são promovidos por jovens. Eles adquirem parte do capital da empresa e entram com recursos financeiros, com o seu Know how (capacidade de saber fazer) e as suas práticas de gestão para ajudar o negócio a crescer”, explica.

“Isso funciona basicamente como um casamento com um divórcio anunciado. Porque normalmente os investidores entram com os recursos nas empresas, mas, com a perspetiva de saírem e deixarem o promotor levar o seu negócio adiante. Basicamente é isso, nós entramos para incentivar e ajudar a desenvolver o negócio”, completa, ao mesmo tempo em que esclarece que os investidores ganham um retorno financeiro após saírem, através dos dividendos das empresas quando estas lucram, por exemplo.

Nas palavras de Rui Levy, apesar dos dois primeiros anos terem sido de “muita atividade” e de procura por parte dos promotores, a Associação não conseguiu concretizar parte dos investimentos por “razões burocráticas” presentes até hoje.

“O facto de se ter de dirigir a um cartório ou à conservatória para fazer um novo registo comercial e atualizar os dados, acaba por consumir um tempo que, muitas vezes, os empresários que podem dar o seu contributo e podem entrar no capital, não têm”, lamenta e cita o facto de alguns países terem adotado soluções perante situações semelhantes e sugere que tal posicionamento seja replicado em Cabo Verde.

Por outro lado, o especialista celebra o facto do ecossistema cabo-verdiano estar “cada vez mais dinâmico”, com o surgimento de programas de incentivo às ideias de negócio e de aceleração, mas atenta-se à mudança de mentalidade por parte dos empreendedores quando o assunto é “vender parte das suas empresas”.

“Muitas vezes as pessoas precisam de financiamento e recorrem ao banco, que no final não lhes dá porque não preenchem algum requisito e, face a isso, uma das opções são os “investidores anjos”. Neste caso, os empreendedores têm de estar disponíveis para ter um sócio para que ele possa investir dinheiro na empresa, como uma pessoa individual, ou seja, um “investidor anjo””, esclarece.

Com a entrada de Rui Levy como presidente da ABAC, a associação assume-se como uma rede online de investidores, sem uma sede física, pelo facto de os elementos não serem efetivos, mas sim, voluntários. A organização conta atualmente com 27 membros, que fazem investimentos nos projetos apresentados através dos parceiros da associação.

Com um investimento feito de 400 mil escudos por 40% do capital num projeto que arrancou em novembro do ano passado e que gerou um lucro de 77 mil escudos, o presidente da associação manifesta o seu contentamento e informa que um dos passos que a ABAC está a tentar dar junto do Governo é de criar uma figura jurídica do Business Angels (investidor anjo) e garantir-lhe uma categoria especial, como forma de incentivar mais indivíduos a disponibilizar as poupanças para as empresas ao investir nelas, sem que possam passar por constrangimentos burocráticos.

Atualmente a Associação Business Angels conta com 11 parceiros no seu todo, sendo 7 nacionais e 4 internacionais, segundo Levy, são estes que fazem chegar os projetos que necessitam de investimento e dão acesso também a outras iniciativas que permitem à organização identificar potenciais empresas.

Já no final do mandato, Rui Levy faz um balanço positivo e garante que 70% das metas assumidas pela equipa serão batidas até ao final do mandato, embora as metas relacionadas com o investimento, o mesmo confessa que foram as que a equipa procurou atingir, mas não concretizaram como desejado.

Balai

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